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CRÍTICA: The Lords of Salem (2013)

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Por Geraldo de Fraga
Antes de mais nada, é preciso dizer que a relação de Rob Zombie com filmes de terror vem antes de ele começar a dirigir filmes. A sua banda de hard rock White Zombie foi batizada em homenagem ao clássico filme de 1932 estrelado por Bela Lugosi e as letras de suas músicas sempre fizeram referências aos filmes B dos anos 50 e 60.
A banda acabou e a carreira de Rob Zombie como cineasta começou em 2003 com “A Casa dos 1000 Corpos”. O filme, nitidamente uma homenagem aos filmes de baixo orçamento dos anos 70, teve uma boa repercussão entre os fãs do gênero e, se não chegou a lançar Zombie ao estrelato, o revelou como uma grata surpresa e colocou os protagonistas da história, a família Fireflly, no panteão dos personagens mais divertidos do cinema trash.
A continuação, “Rejeitados pelo Diabo”, trouxe os Fireflys mais uma vez para as telas, dessa vez em um Road Movie cheio de sangue e tiros. Rob Zombie continuava na underground, mas com status de cineasta original e que começava a criar sua própria mitologia.
Foi aí que ele chamou a atenção dos grandes estúdios de Hollywood e recebeu o convite para realizar o remake de um dos maiores clássicos do horror de todos os tempos. E foi justamente a partir daí que o encanto acabou. A refilmagem de Halloween rendeu uma chuva de críticas negativas ao diretor que, não satisfeito, ainda se meteu a filmar uma continuação que fez os fãs de John Carpenter arrancar o resto dos cabelos que sobraram após o primeiro filme.
Mas nosso intrépito Rob Zombie não deixou se abater e seguiu em frente com sua carreira de diretor. Neste ano chegou às telas americanas “The Lords of Salem”, escrito, produzido e dirigido por Zombie, que estava de volta ao circuito alternativo e tentava apagar a má impressão que tinha deixado com Halloween.
E falha…
Na historia, acompanhamos a DJ Heidi Hawthorne (Sheri Moon Zombie) que tem um programa de radio com mais dois colegas onde divulga bandas de rock. Um belo dia, ela recebe uma caixa de madeira com um disco de vinil e resolve tocar para seus ouvintes. É aí que ela “libera uma maldição infernal na cidade”, como diz a sinopse oficial do filme.
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A cidade de Salem, em Massachusetts, tem realmente um caso de bruxaria em sua história que já rendeu diversas versões e o famoso filme “As Bruxas de Salem”. É esse o gancho que Rob Zombie usa para criar seu enredo. Nota-se uma maturidade na nova forma de filmar do diretor. Cenas bem elaboradas e uma fotografia profissionalíssima que ele deve ter aprendido enquanto rodava Halloween pela Dimension Filmes.
Porém, o que se vê é apenas um aprimoramento estético. A expectativa de ver um Rob Zombie contando uma história séria se transforma em decepção com um filme enfadonho e muito, mais muito, mal resolvido. Os personagens não são desenvolvidos de uma maneira onde se crie uma identidade e parecem estar ali só pra compor elenco.
O maior crime do filme é que isso acontece, inclusive, com a protagonista. Ficamos sabendo que Heidi Hawthorne está tentando largar as drogas, mas em nenhum momento isso tem relevância na trama. Nunca ficamos sabendo se seu companheiro de trabalho é só colega ou é, ou foi, ou poderia ser um romance. Em nenhum momento ela se questiona sobre as visões que lhe perseguem. Uma Sheri Moon Zombie em seu pior papel.
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O outro protagonista da trama, o escritor Francis Matthias (Bruce Davison), que escreveu um livro sobre o caso das Bruxas de Salem, tenta revelar o mistério que ronda a música que liberou a maldição. Então ficamos sabendo que apesar de ter escrito esse livro, o cara não sabe de uma parte essencial da história e tem que apelar para um especialista no caso que mora em outra cidade. Sem contar que Francis Matthias descobre uma informação importantíssima sobre a protagonista, que nem ela sabia, usando o Google(!).
O filme é chato. Em nenhum momento fica claro o que os “vilões” do filme querem de verdade. Você fica sabendo do que se trata a tal “maldição”, mas a o que ela leva… não. Nada, ou quase nada, acontece até 1h15 de projeção. Os 25 minutos finais tenta resolver tudo rapidamente e não só não resolve, como se perde ao tentar dar uma ar artístico que beirou o ridículo e soou mais forçado do que a pesquisa no Google citada acima. Não foi desta vez que Rob Zombie acertou a mão. Não foi mesmo. Nota 4.
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=Y606RoSur8o?feature=player_detailpage&w=640&h=360]

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CRÍTICA: Abigail (2024)

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Abigail

Abigail” é o filme de vampiro da vez que vem sob a tutela da Radio Silence, grupo responsável pelo sucesso dos novos filmes da franquia “Pânico” e do já cult “Casamento Sangrento“. A proposta aqui é homenagear e revitalizar as histórias com esses seres dentuços.

Como posso começar? Bem..se você viu o trailer já sabe pelo menos uns 80% do que vem por aí. O trabalho de marketing do filme foi bem ruim porque claramente a ameaça não deveria ter sido revelada no trailer. E como se a gente não soubesse o que vem aí, o longa gasta um bom tempo fazendo mistério do que pode acontecer. Na minha sensação, isso até demorou um pouco além do que deveria nesse quesito.

Na trama acompanhamos um grupo de bandidos que sequestram a jovem Abigail, mantendo-a refém numa casa no meio do nada. O problema é que a garota não é nem um pouco inocente como aparenta e está determinada a fazer de todos sua próxima refeição.

O problema aqui é a previsibilidade. Sabemos muito bem como a história vai caminhar. Tirando um ou outro detalhe, nada me surpreendeu. Os personagens são qualquer coisa e na maioria das vezes soltam frases engraçadinhas, mas que não fizeram ninguém no cinema rir.

Os diretores tentam fazer algo parecido com os trabalhos anteriormente citados, mas o que rola é uma tentativa pálida de remeter a essas histórias de gato-e-rato. A principal questão aqui é a inexistência de tensão. Temos um cenário bacana e uma antagonista carismática, só que isso tudo não funcionou bem.

O verdadeiro destaque, como não poderia deixar de ser, é a Abigail, personagem-título que transita entre vulnerabilidade e deboche de forma bem condizente. Alisha Weir, no papel de vampirinha, é boa e carismática, mas a tentativa quase desesperada de transformá-la na nova M3gan tiram um tanto do seu poder. As cenas da personagem dançando como em um video de TikTok são muitas e em determinados momentos não condizem com o comportamento de um vampiro centenário.

É preciso dizer que a produção tem momentos onde o sangue jorra deixando personagens encharcados de vermelho. Ainda assim, temos só umas duas cenas no máximo com gore real. Uma delas ainda me lembrou “Zombi” de Lucio Fulci onde vemos a pele do pescoço sendo desprendida por uma mordida.

Bem, eu acabei falando um pouco mal de “Abigail“, mas ele não é pavoroso. Dá pra assistir se não tiver pretensão alguma. Aqui se encontra um típico filme de shopping que é fraco no geral, mas bem superior se comparado às tralhas atuais da Blumhouse.

Diretores: Matt Bertinelli-Olpin e Tyler Gillet
Roteiro: Guy Busick e Stephen Shields
Elenco: Alisha Weir, Melissa Barrera, Dan Stevens, Giancarlo Esposito e outros
Ano de lançamento: 2024

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CRÍTICA: A Primeira Profecia (2024)

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Primeira Profecia

Após três continuações, um remake e uma série de TV, A Profecia (1976) completou o ciclo da vida de um clássico do terror e ganhou um prequel. A Primeira Profecia (2024), dirigido por Arkasha Stevenson, que assina o roteiro com Tim Smith e Keith Thomas, estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira.

Nesse novo capítulo da história, vamos acompanhar os fatos que precederam o nascimento de Damien. Para isso, somos apresentados a Margaret (Nell Tiger Free), noviça americana que se muda para Roma, onde irá fazer seus votos e seguir uma vida de servidão no convento comandado pela madre Silva (Sonia Braga).

Logo na sua chegada ao local, que também hospeda um orfanato e uma maternidade, ela dá de cara com uma freira esquisita e com uma criança atormentada por pesadelos (e que vive fazendo desenhos esquisitos). Tudo piora quando o padre Brennan (personagem do primeiro filme, agora interpretado por Ralph Ineson) entra em contato para dizer que tem algo sinistro rolando com essa menina.

O que joga contra A Primeira Profecia, e contra esse tipo de ‘história de origem’, é que já sabemos o que acontece num futuro próximo. A conspiração satânica vence, Damien nasce e é entregue ao embaixador americano para que cresça no meio político. Tá tudo lá no clássico de Richard Donner.

Então o que quer que tenha acontecido até o bebê do mal vir ao mundo não foi muito relevante. Aí o roteiro do prequel precisa criar mistérios onde não tem muita margem para isso. A saída mais fácil é apostar no horror gráfico, mesmo que isso rompa com o clima atmosférico do original, com jumpscares, risadas fantasmagóricas, aparições.

Alguns desses artifícios funcionam, principalmente para audiências mais sensíveis. Outros, porém, não surtem efeito, como a repetição da morte por enforcamento, incluindo a última frase da suicida (não é spoiler, isso está no trailer). Olhares mais atentos vão notar ainda referências a outras produções clássicas como o Bebê de Rosemary (1968) e Possessão (1981).

No entanto, não faltam esforços para dar personalidade ao longa, o que é alcançado com o protagonismo feminino. Arkasha Stevenson consegue tirar de Nell Tiger Free uma boa atuação que faz com que sua Margaret desperte simpatia ao longo do filme. É aí onde diretora e atrizes se juntam em harmonia para levantar temas como perda da fé, submissão, maternidade, sexo e até mesmo sororidade.

O trio de roteiristas também acerta ao levantar questões sobre o poder da religião sobre as massas, mas não dá para se alongar sem revelar detalhes específicos da trama. No fim das contas, A Primeira Profecia fica numa categoria curiosa: é irrelevante e desnecessário como prequel (fazendo até referências constrangedoras), mas se mostra uma obra melhor que a média do que vem sendo feito no terror mainstream. Isso, vamos combinar, ninguém profetizou.

Escala de tocância de terror:

Direção: Arkasha Stevenson
Roteiro: Arkasha Stevenson, Tim Smith e Keith Thomas
Elenco: Nell Tiger Free, Ralph Ineson e Sonia Braga
Origem: EUA
Ano de lançamento: 2024

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CRÍTICA: Feriado Sangrento (2023)

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Feriado Sangrento

Sabe aquele filme que é tão ruim, mas tão ruim que você se vê na obrigação de falar a respeito para que ninguém caia nessa? Então, se algum de vocês se deparar com “Feriado Sangrento” (Thanksgiving) na vitrine da (HBO)Max, fuja assim como um peru foge da ceia.

Mas antes do filme em si, vamos recapitular e contextualizar a parada. “Feriado Sangrento” nasceu como um trailer, ou melhor, um fake trailer do projeto “Grindhouse” de Tarantino e Robert Rodriguez. Além de “Machete” e “Hobo With a Shotgun” que eram trailers de mentira mas que também ganharam longas depois, “Thanksgiving” era um dos que estavam ali no meio.

O trailer em si enganava bem porque parecia mesmo emular uma produção slasher dos anos 80 com uma fotografia suja e escura junto de uma voz macabra. Inclusive digo com certeza que essa pequena produção foi a melhor coisa que Eli Roth já fez. O que, convenhamos, não é lá algo muito difícil.

Mas enfim, tudo o que o trailer entregava de misterioso e macabro, o filme real apresenta hoje de forma superficial e superbatido. Em primeiro lugar, o longa de “Feriado Sangrento” se passa nos dias atuais. Então esqueça aquela aura de slasher oitentista. Aqui as mortes ocorrem em live de Instagram, com ameaças por inbox e com todos os problemas que os jovens e adultos de hoje enfrentam, tal como a ansiedade para a Black Friday.

E vejam, não é a data comemorativa de Ação de Graças que desencadeia a matança no roteiro e sim uma ação de Black Friday que dá muito errado! Imagine só um pessoal na frente do Supermercado Guanabara esperando as portas se abrirem no dia de seu esperado aniversário. Multiplique a ansiedade e a agonia popular por 10 e aí vira a turba que estava afim de entrar num Walmart genérico afim de promoções pra qualquer produto.

No meio da confusão causada pelo alvoroço do povão, um bocado de gente acaba se acidentando, é pisoteada e morre de forma trágica. E por conta do trauma, o assassino do filme resolve se vingar dos donos da loja e das pessoas que entraram ali primeiro. No entanto, não espere nenhum tipo de crítica anticapitalista ou anticonsumista, o assassino que veste uma máscara de John Carver, um dos primeiros peregrinos estadunidenses, quer apenas uma vingança macabra de forma rasteira.

E aí voltamos ao trailer… o que tinha de cena interessante ou mais soturna, no longa vira algo caricato. Sério! Além das cenas que já tínhamos visto e que são refeitas de uma forma ruim, as novas sequências criam um gore desnecessário mesmo quando sabemos que o que pode rolar é macabro. Isso porque para provar que o longa é realmente de terror, Eli Roth claro que tinha que forçar a barra e dar um tom 10 vezes acima do que a cena pede de forma gratuita.

Resumindo: Não veja! Fique com as lembranças do trailer nostálgico e assista algum slasher da época, mesmo com suas limitações. Eli Roth sequer se esforça em trazer algo novo como fizeram produções recentes como “Dezesseis Facadas” (Totally Killer) e “Morte Morte Morte” (Bodies Bodies Bodies). Ao invés de tentar um slasher diferente ou repassar a produção pra Ti West dar um clima que realmente remetesse ao trailer, Roth simplesmente fez um longa só pra gente passar raiva com um produto demasiadamente clichê.

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