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Críticas

CRÍTICA: Meu Namorado é um Zumbi (2013)

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Namorado é um Zumbi

Por Júlio Cesar Carvalho

WARM BODIES (Corpos quentes) é uma adaptação do livro homônimo de Isaac Marion que ganhou o título aqui no Brasil de MEU NAMORADO É UM ZUMBI. Primeiro de tudo: Que título nacional é esse, hein? Além de horrível, foge do real sentido do roteiro e ainda remete à ondinha ‘Crepúsculo‘. Aqui não tem uma jovem donzela dividida entre dois marmanjos que disputam seu amor. Na verdade, nem tem exatamente um ‘namorado zumbi’ como o ridículo título nacional sugere.

Em meio a um apocalipse zumbi, acompanhamos o dia a dia de R, um zumbi que, além de comer cérebros, mora em um avião e curte ouvir vinil. Aliás, tudo é narrado pelo próprio R que compartilha de seus pensamentos o tempo todo: “Por que eu não consigo me conectar com as pessoas? Ah, certo, é que estou morto. Eu não deveria exigir tanto de mim mesmo. Tipo, estamos todos mortos. Essa garota está morta. Aquele cara tá morto. Aquele cara lá no canto está definitivamente morto. Jesus, esse tá horrível!”

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Na premissa, existem 3 raças: Humanos, zumbis e os ossudos. A diferença entre Zumbis e Ossudos é resumida pelo próprio R assim: “Chamam esses caras de Ossudos. Eles não incomodam muito, mas comem qualquer coisa que tenha batimentos cardíacos. Tipo, eu também como, mas pelo menos eu me incomodo com a situação”. Visualmente os Ossudos são apenas uns esqueletos, com restos de carne bem podre mesmo, totalmente selvagens, cegos e que correm pra cima de qualquer coisa que emita sinais vitais. Sendo assim, os zumbis não são alvos dos Ossudos por motivos óbvios. Então, eles ‘convivem’.

Ao que parece, os zumbis pensam, mas não tem habilidades motoras pra se expressar com maestria. R explica em um certo momento que quando eles comem cérebro há uma absorção das lembranças e até sentimentos da vítima. Aí acontece que durante um ataque zumbi a um grupo de humanos, R ingere o cérebro do namorado de Julie que este passa a sentir como namorado dela, salvando-a do ataque levando a humana para seu lar. Resumindo: R tá chapado e pronto. Daí em diante ele mantém ela uns dias sob sua proteção. Ah, detalhe que R levou o cérebro do cara junto e, de vez em quando, ele dá uma chapada comendo uns pedacinhos escondido.

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Ah, legal a referência a Shawn Of The Dead, quando R diz pra Julie imitar um zumbi pra passar despercebida e ainda dá uma bronca: “Sem exageros!” Sem contar que R tem um Blu-Ray lindo do ZOMBIE, clássico do Lucio Fulci.

Passamos 99% do filme acompanhando o lado zumbi de tudo. Isso hora é interessante e legal quando mostra a relação entre amigos zumbis, hora soa forçado quando R escuta vinil e ‘diz’ que é porque o som é mais ‘vivo’. Entre R e Julie há um clima de romance criado meio que pela convivência e chapação causada pelo cérebro ingerido, mas não é só nisso que o roteiro se sustenta.

O pai da Julie é vivido por Jonn Malkovich que faz o tipo “pai da Beth Ross” em Hulk. A fotografia é muito boa e fica a cargo do diretor de fotografia do ótimo OS OUTROS. A trilha sonora vai de Bob Dylan a Guns`N`Roses e em situações bem encaixadas. Os Ossudos são construídos em CGI de segunda, mas como WARM BODIES é um filme de baixo orçamento, dá pra passar.

Warm-Bodies-kO final é clichê? Claro que é, mas além de ser bem amarrado, faz todo sentido pra trama. Em suma, o diretor Cris Buttler nos confere, entre altos e baixos, um filme com um tom ‘indie’ tecnicamente competente que segue fiel ao que se propõe do começo ao fim. WARM BODIES dá pra assistir de boa e até dar umas risadas, mas não é nada demais também não.

Título original: Warm Bodies
Direção: Jonathan Levine
Roteiro: Jonathan Levine (baseado no livro de Isaac Marion)
Elenco: Nicholas Hoult, Teresa Palmer, John Malkovich
Origem: EUA, Canadá

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Anarquista, quase cinéfilo, diretor de arte, fotógrafo, cervejeiro, rockeiro doido e crítico/podcaster do Toca o Terror

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CRÍTICA: Feriado Sangrento (2023)

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Feriado Sangrento

Sabe aquele filme que é tão ruim, mas tão ruim que você se vê na obrigação de falar a respeito para que ninguém caia nessa? Então, se algum de vocês se deparar com “Feriado Sangrento” (Thanksgiving) na vitrine da (HBO)Max, fuja assim como um peru foge da ceia.

Mas antes do filme em si, vamos recapitular e contextualizar a parada. “Feriado Sangrento” nasceu como um trailer, ou melhor, um fake trailer do projeto “Grindhouse” de Tarantino e Robert Rodriguez. Além de “Machete” e “Hobo With a Shotgun” que eram trailers de mentira mas que também ganharam longas depois, “Thanksgiving” era um dos que estavam ali no meio.

O trailer em si enganava bem porque parecia mesmo emular uma produção slasher dos anos 80 com uma fotografia suja e escura junto de uma voz macabra. Inclusive digo com certeza que essa pequena produção foi a melhor coisa que Eli Roth já fez. O que, convenhamos, não é lá algo muito difícil.

Mas enfim, tudo o que o trailer entregava de misterioso e macabro, o filme real apresenta hoje de forma superficial e superbatido. Em primeiro lugar, o longa de “Feriado Sangrento” se passa nos dias atuais. Então esqueça aquela aura de slasher oitentista. Aqui as mortes ocorrem em live de Instagram, com ameaças por inbox e com todos os problemas que os jovens e adultos de hoje enfrentam, tal como a ansiedade para a Black Friday.

E vejam, não é a data comemorativa de Ação de Graças que desencadeia a matança no roteiro e sim uma ação de Black Friday que dá muito errado! Imagine só um pessoal na frente do Supermercado Guanabara esperando as portas se abrirem no dia de seu esperado aniversário. Multiplique a ansiedade e a agonia popular por 10 e aí vira a turba que estava afim de entrar num Walmart genérico afim de promoções pra qualquer produto.

No meio da confusão causada pelo alvoroço do povão, um bocado de gente acaba se acidentando, é pisoteada e morre de forma trágica. E por conta do trauma, o assassino do filme resolve se vingar dos donos da loja e das pessoas que entraram ali primeiro. No entanto, não espere nenhum tipo de crítica anticapitalista ou anticonsumista, o assassino que veste uma máscara de John Carver, um dos primeiros peregrinos estadunidenses, quer apenas uma vingança macabra de forma rasteira.

E aí voltamos ao trailer… o que tinha de cena interessante ou mais soturna, no longa vira algo caricato. Sério! Além das cenas que já tínhamos visto e que são refeitas de uma forma ruim, as novas sequências criam um gore desnecessário mesmo quando sabemos que o que pode rolar é macabro. Isso porque para provar que o longa é realmente de terror, Eli Roth claro que tinha que forçar a barra e dar um tom 10 vezes acima do que a cena pede de forma gratuita.

Resumindo: Não veja! Fique com as lembranças do trailer nostálgico e assista algum slasher da época, mesmo com suas limitações. Eli Roth sequer se esforça em trazer algo novo como fizeram produções recentes como “Dezesseis Facadas” (Totally Killer) e “Morte Morte Morte” (Bodies Bodies Bodies). Ao invés de tentar um slasher diferente ou repassar a produção pra Ti West dar um clima que realmente remetesse ao trailer, Roth simplesmente fez um longa só pra gente passar raiva com um produto demasiadamente clichê.

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CRÍTICA: Imaginário – Brinquedo Diabólico (2024)

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Imaginário - Brinquedo Diabólico

Estavam com saudades de filmes da Blumhouse? Sabe como é… aquele terror superficial, meio sem graça, meio sem tensão e com uma “mensagem” inócua ao final. Se estavam querendo algo assim, corram pros cinemas pra ver “Imaginário – Brinquedo Diabólico” que está prestes a estrear no Brasil.

E assim como segue a cartilha da produtora pra filmes que (ainda) não possuem franquias de sucesso, tudo começa com um bom e manjado drama familiar. Neste caso temos um casal que resolve se mudar para a antiga casa da protagonista de forma que ela consiga se reconectar melhor com seu trabalho e superar alguns pequenos traumas de infância. Neste núcleo familiar temos um músico com duas filhas que não se dão tão bem com a nova esposa dele.

Mas bem… Jessica (DeWanda Wise), a esposa, é uma escritora bem sucedida de livros infantis que cria historinhas em que o mal não prevalece. Sua inspiração para isso veio de acontecimentos em sua infância depois que sua mãe faleceu e seu pai foi acometido de uma doença degenerativa.

Anos se passaram e agora ela está aí tentando conviver com duas meninas, uma de quinze anos e uma criança que fala da forma mais infantil possível com um estilo bem irritante. E de repente, do mais absoluto nada, Alice (Pyper Braun), a criança mimada, vai até o porão da casa e encontra um ursinho de pelúcia empoeirado ao qual dá o nome de Chauncey, se apegando a ele e interagindo como se fosse um amigo “de verdade”.

O problema é que esse amigo imaginário começa a dar ideias erradas para a criança. Tudo começa de forma inocente com ações que passam despercebidas pela madrasta até que as coisas começam a ficar bem mais estranhas a ponto de ser necessária uma intervenção de uma psicóloga.

E etc etc etc… passa-se o tempo do filme e já sacamos que o ursinho carrega uma espécie de maldição ou coisa assim. Mas não espere uma Annabelle ou um Chucky, o tal Chauncey opera de uma forma mais sutil induzindo suas vítimas a adentrarem em um tal “mundo da imaginação” onde ele prende crianças de todo canto após cumprirem certas metas.

Mas se esse lance de usar crianças em um mundo sobrenatural parece manjado desde “Poltergeist“, e mais recentemente por sequências da saga “Sobrenatural” (Insidious), saibam que este novo filme não preza pela originalidade. Temos em “Imaginário” um amontoado de clichês onde nem os sustos telegrafados causam impacto. E pra piorar tudo, ainda temos um personagem super previsível nestas produções Blumhouse: uma idosa com ar misterioso que explica tudo o que acontece para a protagonista e sabe a solução para os problemas que aparecem na metade final da história.

Assim como falei antes, é uma produção desprovida de tensão, medo e qualquer tipo de suspense. Sequer vemos sangue em cena e até a única morte da trama é offscreen. Enfim, o golpe tá aí… se quiser ver e aguentar um filme de 1h40 para ver uma mensagem edificante sobre o poder da união familiar, fique à vontade, só saiba que isso não rende um longa decente.

Escala de tocância de terror:

Título original: Imaginary
Direção: Jeff Wadlow
Roteiro: Greg Erb, Jason Oremland e Jeff Wadlow
Elenco: DeWanda Wise, Taegen Burns, Pyper Braun e outros
Ano de lançamento: 2024

* Filme visto em Cabine de Imprensa promovida pela Espaço Z

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CRÍTICA: Baghead, A Bruxa dos Mortos (2024)

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Baghead, A Bruxa dos Mortos

Após a morte de seu pai, Iris (Freya Allan, a Ciri da série “The Witcher“) herda um velho “pub” em Berlin. Recém despejada de seu apartamento, o que poderia ser a solução para seus problemas acaba virando algo ainda pior pois o local abriga uma entidade capaz de incorporar os mortos, conhecida como “Baghead“.

A criatura que oferece a oportunidade de pessoas reencontrarem seus entes que partiram, agora se encontra sob a tutela de Iris. E é aí que a nova proprietária do bar enxerga a oportunidade de sanar seus problemas financeiros graças à proposta de Neil (Jeremy Irvine, o Harry Burnstow de “A Mulher de Preto 2“), que deseja reencontrar sua falecida esposa.

BAGHEAD, 2021

O encontro com Baghead, no entanto, deve seguir uma regra: a incorporação nunca deve ultrapassar 2 minutos (pelo visto os fantasmas alemães dão 30 segundos a mais de ‘meet and greet’ do que os australianos de “Fale Comigo“) e é claro que essa regra será quebrada levando Iris, sua melhor amiga Katie (Ruby Barker) e Neil por um caminho sombrio e misterioso, onde o sobrenatural se entrelaçará com o mundo dos vivos.

BAGHEAD, 2021

Baghead: A Bruxa dos Mortos“, é a adaptação para os cinemas do curta metragem homônimo também dirigido por Alberto Corredor. Só que essa “esticada” na história é justamente o ponto mais fraco do filme. A boa direção, cinematografia e atuações se perdem entre um roteiro que se arrasta entre decisões extremamente burras dos personagens para que o filme possa evoluir e uma sucessão de previsíveis jump scares.

É um filme ruim? Não, não é. Mas se eu dissesse que é bom, estaria mentindo…

Escala de tocância de terror:

Título original: Baghead
Direção: Alberto Corredor
Roteiro: Christina Pamies, Bryce McGuire, Lorcan Reilly
Elenco: Freya Allan, Jeremy Irvine e Ruby Barker
Ano de lançamento: 2024

* Filme visto graças à cortesia da Sinny Comunicação e Imagem Filmes

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