conecte-se conosco

Críticas

CRÍTICA: O Maníaco (2012)

Publicados

em

Maniaco

Em 1980, o cinema nos concebeu Frank Zito, um psicopata que se tornaria um ícone do cinema de horror graças a atuação memorável de Joe Spinell. 32 anos se passaram e em 2012, o remake chegou com um visual rebuscado que além de contar com um bom orçamento e tecnologia, é ousado e criativo. A história é simples: Acompanhamos Frank, um cara solitário que é obcecado por mulheres bonitas, escalpos e manequins.

Tudo começa já com nosso querido Frank observando de longe uma prostituta que o percebe e consegue fugir. Em seguida, levemente irritado, mas determinado, ele faz uma tournée pela cidade, mostrando suas ruas e avenidas, hora bem iluminadas e coloridas, hora sujas e escuras. Tudo isso ao som de uma trilha sonora que lembra os anos 70. E, claro, após matar sua primeira vítima, a tela é tomada por letras enormes em vermelho sangue que formam o nome “MANIAC”.

A narrativa em primeira pessoa resgata o conceito do filme original que mantém todo o foco da trama no próprio assassino. Neste caso, a imersão na mente do protagonista é mais literal, nos colocando dentro da cabeça do mesmo. Durante todo o filme, vemos o que ele vê e ouvimos o que ele ouve, e até quase sentimos suas vertigens com a ajuda de efeitos visuais e sonoros muito bem aplicados. Desta forma, somos tragados para a sua mente conturbada.

Image

Agora, nosso psicopata vive em salas de bate-papo para conquistar suas vítimas. Nada mais óbvio para uma atualização do modus operandi de Frank para os dias atuais. As mulheres bonitas continuam sendo o seu alvo, mas isso não é tão descarado como no original em que ele sempre cita esse detalhe. O destaque fica para uma das vítimas que foge do padrão “novinha”. Essa sequência, inclusive, nos confere a melhor cena gore do filme, que além da violência gráfica tem uma mudança de ponto de vista da câmera. Junto a efeitos sonoros e trilha, o filme é de arrepiar e faz qualquer um soltar palavrões no ato.

A violência aqui em “O MANÍACO” é explícita e eficiente. Os efeitos especiais estão convincentes com uma mescla de técnicas artesanais e digitais que funcionam muito bem, nos apresentando um resultado nojento e, por vezes, até angustiante. E o fato de estarmos quase sempre do ponto de vista do assassino faz com que o close seja inevitável, não nos poupando nenhum ferimento sequer. Vale destacar, assim como no original, a única morte masculina: o azarado da vez é um amigo de Anna que pode não ter tido um fim tão memorável como o vivido por Tom Savini no longa de 80, mas com certeza foi muito sofrido.

ImageFrank agora é vivido por Elijah Wood. Sim, o “Frodo” do SENHOR DOS ANÉIS. Apesar da sua cara de donzelo, ele faz um ótimo trabalho e realmente convence como psicopata. Se bem que o rosto dele mal aparece durante o filme, apenas em reflexos de espelhos ou nas raras vezes em que a câmera sai da sua cabeça mudando a perspectiva da cena. E a linda francesa Nora Arnezeder é quem encarna Anna, o alvo principal do maníaco.

Produzido e escrito por Alexandre Aja (Alta tensão, Viagem Maldita, Piranhas 3D), O MANÍACO tem a direção de Franck Khalfoun (P2 – Sem Saída), que faz um excelente trabalho apesar de ser o seu terceiro filme, onde mostra mais segurança e coragem. A famosa sequência do metrô está um pouco diferente, mas não menos eficiente. Esta cena, onde a tensão é crescente e culmina num desfecho digno de elogios, lembra até o mestre Dário Argento, só que com boas atuações.

O roteiro é mais complexo no sentido de nos apresentar mais do personagens, como seu trabalho numa loja herdada de manequins, e a interação do “casal” Frank e Anna. Diferentemente do original, aqui ambos chegam a construir um laço de amizade mais sólido. E o trauma de Frank com sua mãe é mostrado não só pelos monólogos, mas também por lembranças e visões constantes, o que faz todo sentido já que estamos na mente do dito cujo em 90% do filme.

ImageEm suma, este remake de O MANÍACO entra para os raros exemplares dignos de sua existência, já que faz bonito e merece ser visto até pelo mais fervoroso fã do original de 1980, que pode até não gostar tanto assim, mas provavelmente não vai odiá-lo.

Veredicto: FODA PRA CARALHO!

Título original: Maniac
Direção: Franck Khalfoun
Roteiro: Alexandre Aja, Grégory Levasseur
Elenco: Elijah Wood, Nora Arnezeder, America Olivo
Origem: França, EUA

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!

Anarquista, quase cinéfilo, diretor de arte, fotógrafo, cervejeiro, rockeiro doido e crítico/podcaster do Toca o Terror

1 comentário

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Críticas

CRÍTICA: Feriado Sangrento (2023)

Publicados

em

Feriado Sangrento

Sabe aquele filme que é tão ruim, mas tão ruim que você se vê na obrigação de falar a respeito para que ninguém caia nessa? Então, se algum de vocês se deparar com “Feriado Sangrento” (Thanksgiving) na vitrine da (HBO)Max, fuja assim como um peru foge da ceia.

Mas antes do filme em si, vamos recapitular e contextualizar a parada. “Feriado Sangrento” nasceu como um trailer, ou melhor, um fake trailer do projeto “Grindhouse” de Tarantino e Robert Rodriguez. Além de “Machete” e “Hobo With a Shotgun” que eram trailers de mentira mas que também ganharam longas depois, “Thanksgiving” era um dos que estavam ali no meio.

O trailer em si enganava bem porque parecia mesmo emular uma produção slasher dos anos 80 com uma fotografia suja e escura junto de uma voz macabra. Inclusive digo com certeza que essa pequena produção foi a melhor coisa que Eli Roth já fez. O que, convenhamos, não é lá algo muito difícil.

Mas enfim, tudo o que o trailer entregava de misterioso e macabro, o filme real apresenta hoje de forma superficial e superbatido. Em primeiro lugar, o longa de “Feriado Sangrento” se passa nos dias atuais. Então esqueça aquela aura de slasher oitentista. Aqui as mortes ocorrem em live de Instagram, com ameaças por inbox e com todos os problemas que os jovens e adultos de hoje enfrentam, tal como a ansiedade para a Black Friday.

E vejam, não é a data comemorativa de Ação de Graças que desencadeia a matança no roteiro e sim uma ação de Black Friday que dá muito errado! Imagine só um pessoal na frente do Supermercado Guanabara esperando as portas se abrirem no dia de seu esperado aniversário. Multiplique a ansiedade e a agonia popular por 10 e aí vira a turba que estava afim de entrar num Walmart genérico afim de promoções pra qualquer produto.

No meio da confusão causada pelo alvoroço do povão, um bocado de gente acaba se acidentando, é pisoteada e morre de forma trágica. E por conta do trauma, o assassino do filme resolve se vingar dos donos da loja e das pessoas que entraram ali primeiro. No entanto, não espere nenhum tipo de crítica anticapitalista ou anticonsumista, o assassino que veste uma máscara de John Carver, um dos primeiros peregrinos estadunidenses, quer apenas uma vingança macabra de forma rasteira.

E aí voltamos ao trailer… o que tinha de cena interessante ou mais soturna, no longa vira algo caricato. Sério! Além das cenas que já tínhamos visto e que são refeitas de uma forma ruim, as novas sequências criam um gore desnecessário mesmo quando sabemos que o que pode rolar é macabro. Isso porque para provar que o longa é realmente de terror, Eli Roth claro que tinha que forçar a barra e dar um tom 10 vezes acima do que a cena pede de forma gratuita.

Resumindo: Não veja! Fique com as lembranças do trailer nostálgico e assista algum slasher da época, mesmo com suas limitações. Eli Roth sequer se esforça em trazer algo novo como fizeram produções recentes como “Dezesseis Facadas” (Totally Killer) e “Morte Morte Morte” (Bodies Bodies Bodies). Ao invés de tentar um slasher diferente ou repassar a produção pra Ti West dar um clima que realmente remetesse ao trailer, Roth simplesmente fez um longa só pra gente passar raiva com um produto demasiadamente clichê.

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!

Continue lendo

Críticas

CRÍTICA: Imaginário – Brinquedo Diabólico (2024)

Publicados

em

Imaginário - Brinquedo Diabólico

Estavam com saudades de filmes da Blumhouse? Sabe como é… aquele terror superficial, meio sem graça, meio sem tensão e com uma “mensagem” inócua ao final. Se estavam querendo algo assim, corram pros cinemas pra ver “Imaginário – Brinquedo Diabólico” que está prestes a estrear no Brasil.

E assim como segue a cartilha da produtora pra filmes que (ainda) não possuem franquias de sucesso, tudo começa com um bom e manjado drama familiar. Neste caso temos um casal que resolve se mudar para a antiga casa da protagonista de forma que ela consiga se reconectar melhor com seu trabalho e superar alguns pequenos traumas de infância. Neste núcleo familiar temos um músico com duas filhas que não se dão tão bem com a nova esposa dele.

Mas bem… Jessica (DeWanda Wise), a esposa, é uma escritora bem sucedida de livros infantis que cria historinhas em que o mal não prevalece. Sua inspiração para isso veio de acontecimentos em sua infância depois que sua mãe faleceu e seu pai foi acometido de uma doença degenerativa.

Anos se passaram e agora ela está aí tentando conviver com duas meninas, uma de quinze anos e uma criança que fala da forma mais infantil possível com um estilo bem irritante. E de repente, do mais absoluto nada, Alice (Pyper Braun), a criança mimada, vai até o porão da casa e encontra um ursinho de pelúcia empoeirado ao qual dá o nome de Chauncey, se apegando a ele e interagindo como se fosse um amigo “de verdade”.

O problema é que esse amigo imaginário começa a dar ideias erradas para a criança. Tudo começa de forma inocente com ações que passam despercebidas pela madrasta até que as coisas começam a ficar bem mais estranhas a ponto de ser necessária uma intervenção de uma psicóloga.

E etc etc etc… passa-se o tempo do filme e já sacamos que o ursinho carrega uma espécie de maldição ou coisa assim. Mas não espere uma Annabelle ou um Chucky, o tal Chauncey opera de uma forma mais sutil induzindo suas vítimas a adentrarem em um tal “mundo da imaginação” onde ele prende crianças de todo canto após cumprirem certas metas.

Mas se esse lance de usar crianças em um mundo sobrenatural parece manjado desde “Poltergeist“, e mais recentemente por sequências da saga “Sobrenatural” (Insidious), saibam que este novo filme não preza pela originalidade. Temos em “Imaginário” um amontoado de clichês onde nem os sustos telegrafados causam impacto. E pra piorar tudo, ainda temos um personagem super previsível nestas produções Blumhouse: uma idosa com ar misterioso que explica tudo o que acontece para a protagonista e sabe a solução para os problemas que aparecem na metade final da história.

Assim como falei antes, é uma produção desprovida de tensão, medo e qualquer tipo de suspense. Sequer vemos sangue em cena e até a única morte da trama é offscreen. Enfim, o golpe tá aí… se quiser ver e aguentar um filme de 1h40 para ver uma mensagem edificante sobre o poder da união familiar, fique à vontade, só saiba que isso não rende um longa decente.

Escala de tocância de terror:

Título original: Imaginary
Direção: Jeff Wadlow
Roteiro: Greg Erb, Jason Oremland e Jeff Wadlow
Elenco: DeWanda Wise, Taegen Burns, Pyper Braun e outros
Ano de lançamento: 2024

* Filme visto em Cabine de Imprensa promovida pela Espaço Z

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!

Continue lendo

Críticas

CRÍTICA: Baghead, A Bruxa dos Mortos (2024)

Publicados

em

Baghead, A Bruxa dos Mortos

Após a morte de seu pai, Iris (Freya Allan, a Ciri da série “The Witcher“) herda um velho “pub” em Berlin. Recém despejada de seu apartamento, o que poderia ser a solução para seus problemas acaba virando algo ainda pior pois o local abriga uma entidade capaz de incorporar os mortos, conhecida como “Baghead“.

A criatura que oferece a oportunidade de pessoas reencontrarem seus entes que partiram, agora se encontra sob a tutela de Iris. E é aí que a nova proprietária do bar enxerga a oportunidade de sanar seus problemas financeiros graças à proposta de Neil (Jeremy Irvine, o Harry Burnstow de “A Mulher de Preto 2“), que deseja reencontrar sua falecida esposa.

BAGHEAD, 2021

O encontro com Baghead, no entanto, deve seguir uma regra: a incorporação nunca deve ultrapassar 2 minutos (pelo visto os fantasmas alemães dão 30 segundos a mais de ‘meet and greet’ do que os australianos de “Fale Comigo“) e é claro que essa regra será quebrada levando Iris, sua melhor amiga Katie (Ruby Barker) e Neil por um caminho sombrio e misterioso, onde o sobrenatural se entrelaçará com o mundo dos vivos.

BAGHEAD, 2021

Baghead: A Bruxa dos Mortos“, é a adaptação para os cinemas do curta metragem homônimo também dirigido por Alberto Corredor. Só que essa “esticada” na história é justamente o ponto mais fraco do filme. A boa direção, cinematografia e atuações se perdem entre um roteiro que se arrasta entre decisões extremamente burras dos personagens para que o filme possa evoluir e uma sucessão de previsíveis jump scares.

É um filme ruim? Não, não é. Mas se eu dissesse que é bom, estaria mentindo…

Escala de tocância de terror:

Título original: Baghead
Direção: Alberto Corredor
Roteiro: Christina Pamies, Bryce McGuire, Lorcan Reilly
Elenco: Freya Allan, Jeremy Irvine e Ruby Barker
Ano de lançamento: 2024

* Filme visto graças à cortesia da Sinny Comunicação e Imagem Filmes

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!

Continue lendo

Trending